segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

II Congresso Nacional de Bonsai 2010

Como as fotos do Congresso já andam por aí há algum tempo noutros sítios, vou colocar apenas algumas imagens dos bonsai de que mais gostei na exposição.

Em primeiro lugar, fica o pinus thumbergii do João Pires que ganhou o prémio de melhor árvore da exposição. Esta planta, segundo o João, foi a única que ele adquiriu na sua recente passagem pelo Japão em Taisho-en. É um kuromatsu shohin muito bom, em que está espelhada a tradição e experiência de um dos melhores mestres japoneses no trabalho com shohin, Nobuichi Urushibata. Apresenta uma grande maturidade como bonsai, visível na sua casca, ramificação e tamanho das agulhas. Na minha opinião, mereceu inteiramente o primeiro prémio e vão daqui os parabéns para o seu orgulhoso proprietário, o João Pires.



Este é o junípero tanuki do Carlos Brandão que ganhou o prémio de melhor árvore no ano passado. É uma árvore impressionante, não só pelo seu tamanho, mas igualmente pela maneira como o enxerto do tanuki está perfeitamente integrado com a madeira morta, parecendo ter estado sempre lá, e a disposição e volume da massa verde que abraça aquele maciço de madeira morta equilibrando perfeitamente o desenho. A coloração da madeira morta já apresenta igualmente aquela patina que se quer neste tipo de árvores. Já a conhecia por imagens, mas ao vivo é outra coisa.



Este é o cedro literati do Mário Eusébio. Ele tem divulgado a sua evolução no seu blog e em alguns fóruns, mas é muito melhor vê-lo ao vivo. É um bunjin muito clássico, com curvas suaves no tronco, sendo a árvore mais alta que estava na exposição. A sua casca apresenta grande maturidade e a disposição da folhagem, muito minimal, dá uma grande beleza e feminilidade a esta árvore. O Mário diz que falta ainda maior peso ao ramo principal que cai para baixo e que precisa de outro vaso, mas para mim já é uma árvore com bastante qualidade.



Este é o cotoneaster shohin do Rafael Baptista e é uma árvore que tenho acompanhado na sua evolução praticamente desde o primeiro post que o Rafael colocou já não me lembro em que fórum. É uma árvore com uma evolução fantástica para o seu curto tempo como bonsai e o Rafael está de parabéns pela capacidade de a ter feito evoluir tanto em tão pouco tempo. Apresentou umas belas cores outonais e apenas foi pena não ter algumas bagas, mas certamente que isso sucederá nos próximos anos. Foi das apresentações de que mais gostei e apenas não coloco a imagem completa com a planta de acompanhamento porque a foto que tenho não tem a melhor qualidade e com flash tirou um pouco das características de cores do conjunto.



Este é um sobreiro do José Machado. Não é um duplo tronco clássico e alguns poderão questionar a existência daquela massa de folhagem que está na base do lado esquerdo mas, para mim é uma das árvores mais naturais apresentadas na exposição, e vejo perfeitamente uma árvore que caiu pela acção dos elementos mas resistiu e sobreviveu formando posteriormente aquelas copas. A casca apresenta uma cortiça com bastante maturidade e o ten-jin, embora não seja muito comum nestas folhosas, enquadra-se perfeitamente na história de uma árvore tombada pelo vento.



Este acer palmatum do Henrique Leite foi o acer de que mais gostei em toda a exposição. É um acer em estilo kabudashi, ou troncos múltiplos, e apresenta um desenho bastante clássico com 7 troncos. De todas as presentes, foi a caduca que mais me impressionou. Penso que daqui a uns anos, com a ramificação ainda mais refinada, vai ser uma árvore de grande nível. Possivelmente, com um vaso oval mais raso, da mesma cor, ficaria ainda melhor e ajudaria a desenvolver o nebari no futuro.


Gostei bastante deste liquidambar de três troncos, embora não saiba quem é o proprietário. Ainda é uma árvore em formação e ainda tem muito que caminhar ao nível da ramificação e maturidade geral da árvore, também penso que ganharia bastante com outro vaso, mas é uma árvore igualmente muito natural e que já é um shohin com bastante potencial. E eu como gosto muito de liquidambares pela sua folhagem de outono, achei esta pequena árvore um mimosinho.


Este juniperus rigida do José machado também foi também uma árvore que sobressaiu bastante na exposição. Apresenta-se no estilo chokan com uma boa conjungação entre a madeira morta e as veia vivas. É uma árvore imponente e a fotografia não lhe faz justiça.



Este bonsai é uma romãnzeira japonesa, ou uma punica granatum nejikan, e eu, como sou fã desta espécie, não resisti a colocá-la igualmente aqui. Já apresenta o tronco a retorcer, como é característico desta variedade de punicas à medida que vão avançando na idade, e apenas falta refinar a ramificação para ficar no ponto. Esta é daquelas plantas que são melhores no outono, quando o tronco e a ramificação não se encontram tapados pela folhagem.


Gostei bastante deste fagus, e embora estivesse lá outro de características muito semelhantes, o calibre do tronco e facto deste ser oco e bem escavado fizeram-me escolher este bonsai para colocar aqui. Não sei quem é o seu proprietário, mas é uma árvore com uma imagem muito robusta, e cuja melhor característica é o tronco pela sua imponência, pelo uro e pela maturidade da sua casca. Ainda tem de desenvolver bastante ao nível da ramificação, dado que esta ainda não equilibra o tronco, mas já é uma árvore que sobressai.

Por acaso, pensei que estivessem lá mais oliveiras, mas esta de facto era a melhor de entre todas e acabou por ser premiada com o 3º prémio por isso, sendo propriedade do Galileu. A sua característica mais marcante é o shari que apresenta, imponente e com um bom trabalho de madeira morta. Quando o shari escurecer um pouco mais e ganhar a patina da idade, vai ficar muito bom. Agora apenas precisa desenvolver a maturidade da casca e refinar a massa verde para ficar uma oliveira de alto nível. A única coisa que para mim pessoalmente poderia alterar seria o vaso que, embora bastante bonito, na minha opinião é muito grande e masculino para as características desta planta. Penso que ficaria melhor com um vaso oval e um pouco mais pequeno, mantendo a cor que apresenta.

Por último, fica aqui este mame, que penso ser uma santolina, do Pedro Nascimento. É um mimozinho que estava ali a acompanhar a oliveira aqui de cima e uma das plantas que não me importava de levar para casa comigo.

Estiveram outras árvores presentes, umas melhores e outras menos boas, mas ou por escolha pessoal ou por não ter uma foto em condições por causa da pouca iluminação, escolhi não colocar aqui. Como já disse, há por aí suficientes reportagens sobre o Congresso para quem queira ter uma panorâmica geral da exposição e actividades.

Ao pessoal da organização, os parabéns pelo esforço de levantar este evento com os poucos recursos disponíveis e com todos os percalços que aconteceram e que obrigaram a alterações à programação e ao improviso para colmatar a falta do Marc Noelanders.

2 comentários:

Mesquita disse...

Olá Nuno

Desde já parabéns pela coragem de participar no NT, eu também era para entrar mas por motivos pessoais não consegui, talvez para o ano.

O Fagus é do Carlos Costa, vencedor do NT de 2008.

Até mais.

Unknown disse...

Viva, Jorge!

Para o ano lá te esperamos.
Obrigado pelo esclarecimento quanto ao fagus e desde já os parabéns ao Carlos Costa pela planta.

Abraço,
Nuno