quarta-feira, 14 de maio de 2014

EBA 2014 - Impressões Gerais





Depois de um fim-de-semana totalmente dedicado ao Bonsai, inicio aqui no blog uma série de artigos dedicados ao Congresso da EBA 2014, realizado em Wroclaw, na Polónia.

Foi a segunda oportunidade que tive de visitar um evento destes, já que estive no congresso da EBA em 2009, realizado em Lorca, Espanha, juntamente com alguns amigos do Clube Bonsai do Algarve. Mas este ano, para além de me ter deslocado sozinho, tive a responsabilidade de representar Portugal no concurso Novo Talento.

De um modo geral, o Congresso apresentou uma boa organização, com pontos fortes e outros menos fortes. Como pontos mais positivos, escolho o nível dos demonstradores escolhidos que realizaram trabalhos fantásticos com árvores simplesmente fenomenais. Destaco os trabalhos do Kevin Wilson e do Pavel Slovak, no sábado, e do Paul Finch, no domingo, mas houve outros demonstradores que igualmente impressionaram pela qualidade dos trabalhos. O espaço foi igualmente muito bem escolhido, tinha muita luz natural, o que ajudou à reportagem fotográfica (quem já fotografou exposições sabe bem o que isso significa), e o ambiente envolvente com muitas árvores e perto do jardim japonês, ajudou à construção de um clima propício ao evento. Igualmente algumas das árvores expostas apresentavam um nível muito bom (e é nessas alturas que percebemos a m#$%a de pauzinhos que temos lá por casa!), embora nem todas estivessem a esse nível. A zona dos stands de vendas era igualmente uma perdição!!! Desde vasos a ferramentas, mesas ou árvores e plantas de acompanhamento, tudo o que fosse necessário para bonsai estava disponível. E a qualidade do material era fora de série, principalmente na parte da cerâmica, destacando os vasos Tom Benda, Milan Klika e Mikado Delagrotte.

Como pontos menos fortes, tenho de referir que o nível da exposição não era equilibrado. Existiam árvores de top, outras não tão de top e outras que simplesmente não deveriam estar presentes numa exposição deste nível. Mas toda a gente presente referiu que isso é habitual nos congressos da EBA (qualquer semelhança com a nossa realidade não é pura fantasia...). Outra questão a pensar prende-se com o espaço para as árvores expostas. Numa exposição destas em que existem espécimes de algum calibre, o espaço é muito importante e realmente, havia em determinados momentos, árvores que estavam muito em cima das outras quase sem espaço para respirar e para colocar devidamente as plantas de acompanhamento. Outro ponto menos positivo prendeu-se com o pouco cuidado dado em relação aos "displays". Muitas árvores tinham as plantas de acompanhamento colocadas no lado contrário ao do movimento da planta principal, muitas não tinham sequer planta de acompanhamento ou uma mesa em condições. Outra questão que também poderia ter sido programada de outro modo teve a ver com o elevado número de demonstradores que estiveram a trabalhar ao mesmo tempo, o que dispersava em demasia a atenção.

Mas enfim, de um modo geral, a experiência foi muito positiva. Saio satisfeito pela oportunidade de viver um pouco o ambiente do bonsai de alto nível, de beber da experiência de artistas de renome, de construir novas amizades e aprofundar algumas já existentes nas redes sociais, e principalmente de abrir os horizontes e perceber que há muita coisa para andar e aprender no nosso país mas que há igualmente muitas coisas que não são tão diferentes das nossas e que se aproveitarmos as nossas mais valias, principalmente ao nível das espécies locais, podemos chegar num futuro não tão longínquo a um patamar próximo dos restantes países europeus. Digo apenas que houve árvores expostas no último congresso português de Bonsai que não teriam ficado nada mal expostas neste evento.

No próximo ano, o congresso da EBA realiza-se em Vilnius, na Lituânia. Desejo a maior das sortes ao futuro Novo Talento português e que possa disfrutar da experiência como eu o fiz. Tenho um desejo pessoal para a Federação de Bonsai que seria o de encontrar uma forma de conseguir concretizar a deslocação de árvores portuguesas a eventos desta natureza de modo a começar a promover também lá fora a boa qualidade de bonsai que já se começa a ver cá dentro. Tendo a noção da realidade da escassez de meios ao dispôr da Federação Portuguesa de Bonsai, sei que isso não é actualmente possível, mas fica na mesma o desejo e a esperança de que pelo menos se comece a pensar isso como uma possibilidade para o futuro de modo a que se comece a planear formas de concretizar um projecto desses.

Termino agradecendo profundamente o apoio financeiro dado pela Federação Portuguesa de Bonsai, pelo Clube Bonsai do Algarve e pelos Hotéis Floyde, em Portimão. Sem o seu apoio teria sido muito difícil concretizar esta viagem e a participação no concurso Novo Talento, pelo que fica aqui o meu sentido obrigado pelo apoio prestado. Bem hajam!

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