terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Oliveira #5 - Actualização

Coloquei aqui inicialmente esta oliveira logo após a ter comprado e depois não lhe dei qualquer continuidade.

Em Março de 2010, fui com ela à actividade de transplantes do Clube Bonsai do Algarve e fizemos aqui uma operação radical com esta planta. Na altura foi a primeira vez que experimentei isto e tinha algum receio que não resultasse mas agora faço isto com praticamente todas as minhas oliveiras.

O problema das oliveiras, principalmente com as mais velhas,  muitas vezes tem a ver com o facto de que criam umas "batatas" pouco estéticas ao nível das raízes que são muito difíceis de transformar em nebari's decentes sem se fazer umas operações cirúrgicas mais radicais.

Isso, aliado à relativa facilidade com que enraizam a partir de tocos sem qualquer raízes, levou a que aproveitasse o primeiro transplante para retirar toda a terra de origem (era de péssima qualidade, praticamente só barro) e depois cortar a direito a base da oliveira com uma motosserra, deixando na altura apenas umas 2 raízes.




Do toco que sobrou ainda deu para retirar uns discos de madeira para fazer umas bases para expor bonsai.


Foi então colocada numa caixa de plástico, daquelas para colocar fruta e mercerarias, com um substrato composto apenas por leca e casca de pinheiro.


Cresceu livremente durante o resto do ano de 2010 e apenas sofreu a primeira intervenção em meados de 2011, pois já tinha desenvolvido bastante massa verde e as raízes já saíam abundantemente pela base da caixa. A intervenção foi apenas para seleccionar os ramos principais e colocar uns arames para posicioná-los.

Aqui está uma imagem actual da planta, em Fevereiro de 2012. Ao longo deste ano, vai crescer livremente para engordar os ramos. Aliás, tem muito que engordar pois a base é muito poderosa e precisa de uma ramificação que acompanhe e se enquadre no tronco. O toco do corte vai ter de ser trabalhado e transformado em zona morta e vai ser enquadrado com um shari natural que já apresenta. Mas já é uma oliveira na qual tenho muita esperança a nível de futuro.


8 comentários:

Unknown disse...

Viva Nuno,

A oliveira reproduz-se bem através de estacas e mesmo de estacas bastante grossas.

Podes fazer isso neste mês, pois entre o final do Verão e o início do Outono é a melhor altura para enraizar estacas lenhosas. Se tiveres hormonas de enraizamento podes usar, mas eu já coloquei estacas sem as hormonas e elas enraizaram sem problemas.

Corta o ramo que achares interessante, pela casca ou pelo movimento, e depois deixa-o dentro de água durante uns 2 dias. A seguir é só colocá-lo no vaso com um substrato drenante mas que retenha suficiente humidade para que nasçam as raízes. Uma alternativa barata são aqueles substratos para orquídeas que há por aí à venda.

Depois de regares bem o vaso, podes colocá-lo dentro de um saco de plástico do lixo e fechá-lo. Vais abrindo todos os dias e borrifas o tronco com água para manter a humidade.

Quando começarem a inchar os primeiros brotos, fazes alguns furos no saco para circular melhor o ar. Quando os brotos começam a estender-se, tiras a planta do saco, mas manténs resguardada à sombra. Depois dos primeiros pares de folhas, podes colocar ao sol e começar a adubar.

Se tem árvores disponíveis também podes propagar por alporques.

Espero ter sido útil.

Abraço.

Unknown disse...

Com as estacas de oliveira o melhor é tirares as folhas todas.

Unknown disse...

Boa noite Nuno,

Após ler esta tua bem sucedida experiência, resolvi tentar a minha sorte. Tenho 3 estacas grossas lenhosas de Oliveira, que acabei de envasar. Gostaria da tua ajuda, nomeadamente:
- O saco que colocaste tem de ser transparente, certo?
- Se colocar uma pano húmido á volta do tronco, não será benéfico para manter a húmidade do tronco?
- Quanto tempo poderá levar até os primeiros brotos incharem?
- Como está neste momento este teu projeto?

Obrigado!
Cumprimentos
Jorge Frias

Unknown disse...

Viva Jorge!

Tentando responder às tuas perguntas:

Primeiro, normalmente o saco até costuma ser preto. Não sei porquê, mas o facto de não receber grande luz beneficia a criação de raízes. Como também se tira toda a massa verde, também não é necessária luz solar para a fotossíntese.
Segundo, penso que podes usar o pano mas não será necessário.
Terceiro, isso depende muito. Esta intervenção foi feita na primavera e só começou a brotar em Setembro. Há algumas oliveiras que demoram 1 ano até recomeçar a brotar, por isso se não brotar logo há que ter paciência.
Por último, a planta tem desenvolvido ao longo deste tempo, mas não ao ritmo que eu gostaria. Ao nível das raízes desenvolveu muito bem. O substrato e o uso da caixa favoreceu o desenvolvimento radicular. Mas o facto de ser uma oliveira de cultivo ou seja, daquelas que são criadas para a azeitona e não das silvestres faz com que o desenvolvimento seja mais lento. Ainda por cima, apanhou uma cochinilha desgraçada que se pega com muita facilidade às oliveiras e que tem sido difícil dar conta. Mas já foi retransplantada para um vaso provisório, já trabalhei o corte para dar continuidade à madeira morta e começa a definir um desenho.
Enfim, ainda há muito que andar mas alguns passos já foram dados. Vamos ver como é que desenvolve no futuro.

Unknown disse...

Viva Nuno,

Antes demais as minhas sinceras desculpas por só agora estar a responder, mas devido a várias situações, só agora vi a tua pronta e elucidativa resposta, muitíssimo obrigado! Pelos vistos o meu projecto ainda está muito no inicio, mas penso que está tudo no bom caminho, o substrato e os troncos são mantidos húmidos, o plástico, o arejamento diário, enfim agora é esperar. Também tenho uma Oliveira sem ser Bonsai, que apanha com alguma facilidade a cochonilha, resolve-se mas dá trabalho. Folgo em saber que mesmo assim, o projecto continua a correr bem.
Mais uma vez obrigado pela ajuda.
Obrigado
Jorge Frias

Jorge Canais disse...

Bom dia Sr. Nuno,

Sou um iniciante nos bonsais, fascinado pelo bonsai de oliveira e as 3 oliveiras que retirei da terra não correram bem, mas finalmente descobri que não estava a fazer bem.
A técnica que quero e tenho tentado fazer é o yamadori, mas estava a retirar-lhe toda a terra junto das raízes e pôr substrato para bonsais novo logo num vaso de bonsais.
Mas pedia-lhe ajuda em dois pontos:
1-Essa oliveira que colocou na casca de pinheiro+leca não tinha raiz nenhuma e pegou tipo estaca, correto?
2-As oliveiras que tenho para tirar da terra (junto ao chão, o tronco tem mais ou menos 2cm de espessura) será mesmo aconselhável tirá-las só no fim do inverno, ou acha que posso tirá-las agora? É um terreno que habitualmente é limpo de roçadeira e quem o faz, vai tudo à frente...
Estava até a pensar em regar uns dias antes de retirá-las regar bastante o local.

Muito obrigado pela sua disponibilidade, e os meus parabéns pelos seus bonsais.

Unknown disse...

Viva, Jorge.

Tecnicamente, esta oliveira não pegou mesmo de estaca pois tinha umas 2 ou 3 raízes que saíam junto da base que dá para ver em algumas fotos. Mas a oliveira pega bem mesmo se se cortar todas as raízes. Tem é que se deixar o tronco hidratar bem, tipo um dia dentro de água e depois colocar em substrato bem drenante, colocar um saco de plástico daqueles do lixo em cima e depois deixar recuperar à sombra. Pode demorar algum tempo, às vezes até 1 ano, mas a taxa de sucesso em enraizar é alta.

Quanto ao yamadori, pode ser realizado nesta altura do ano sem problemas, desde que depois esteja protegida do sol directo e vento. Normalmente, o que resulta melhor nas oliveiras é cortar a massa verde por completo e deixar rebentar novamente.

Este corte que foi feito nesta oliveira teve como principal objectivo formar uma boa base da planta, contrariando o que é habitual nas oliveiras que crescem no campo, que são aquelas batatas nas raízes que dificultam a formação de um bom nebari.

Boa sorte com as experiências!

Jorge Canais disse...

Mais uma vez, muito obrigado pela sua disponibilidade e pela a sua ajuda. Lemos tanta coisa na net, mas realmente a ajuda de alguém real e que põe "as mãos na massa" é diferente!
Enviarei umas fotografias para partilhar consigo do que conseguir fazer.
Até lá,
Jorge Canais